CRÉDITO - A CHINA É AQUI Ó XENTE!

Novo templo do consumo: o Midway Mall,
em Natal (RN), é um dos símbolos
das recentes transformações econômicas do Nordeste
Investimentos recorde, somados ao forte aumento do consumo, transformam o Nordeste brasileiro no eldorado de muitas empresas. 


O Nordeste brasileiro vive uma situação sem precedentes no setor, digamos, da logística individual. Isso porque o velho e conhecido jegue, um dos principais meios de transporte locais durante décadas, está se aposentando cada vez mais cedo, substituído por motocicletas e carros. Essa mudança no perfil de transporte no sertão nordestino não representa uma crise, mas reflete uma constatação importante no cenário econômico: o Nordeste está, visivelmente, mais rico. Aquecido por um volume recorde de investimentos públicos e privados, os nove Estados que o compõem apresentam um crescimento percentual comparável ao ritmo da economia chinesa (veja gráfico ao final da reportagem). 

Em 2008, ao atingir um PIB de US$ 250 bilhões, a região superou países como Chile, Cingapura e Portugal. Hoje, se fosse um país, o Nordeste seria a 39º economia do planeta, à frente até de nações com altíssimos indicadores, como a Austrália. Boa parte do crescimento econômico pode ser atribuída aos grandes projetos federais em execução em todos os nove Estados. A presidenta Dilma Rousseff já se comprometeu a repassar R$ 120 bilhões aos governos nordestinos até 2017. A modernização e ampliação de portos, a construção de rodovias e ferrovias, além de importantes obras em infraestrutura aeroportuária, se traduzem em emprego e renda ao Nordeste. 

“Investimentos em infraestrutura e no setor produtivo somaram-se ao Bolsa Família e ao salário mínimo para criar um ambiente ideal para o Nordeste”, diz José Narciso Sobrinho, diretor Etene, escritório de estudos econômicos vinculado ao Banco do Nordeste. Turbinada por esse novo ciclo de prosperidade, a fatia do Nordeste no PIB brasileiro passou de 12,5%, em 2007, para estimados 13,9%, em 2011. Ao lado da maré de investimentos estatais, os investimentos privados foram decisivos para a definição da nova geografia econômica da região. Um bom exemplo foi dado pela Ambev, líder absoluta no segmento de bebidas.


A força do varejo: a edição Nordeste,
de agosto de 2011, mostrou a aposta
de João Carlos Paes Mendonça

No ano passado, a cervejaria controlada pelo grupo belgo-brasileiro ABInbev investiu cerca de R$ 500 milhões numa nova fábrica em Alagoinhas, na Bahia, de olho na forte expansão do consumo local. E não poderia ser diferente. Segundo o instituto Nielsen, as vendas de cerveja cresceram na última década a uma taxa média de 22,8% na região – o dobro da média nacional. E os investimentos se espalham por todos os setores da economia, muitos deles patrocinados pelo próprio empresariado nordestino. No Recife, o empresário João Carlos Paes Mendonça está construindo, entre vários empreendimentos do setor imobiliário, o Rio Mar Shopping, um dos símbolos da nova fase do consumo da região. 


O moderno centro de compras receberá investimentos de quase meio bilhão de reais. Paes Mendonça, que vendeu por R$ 600 milhões, em 2000, para a holandesa Royal Aholda a rede de supermercados Bompreço, é hoje dono do maior grupo de incorporadores de shoppings do Nordeste, com participações em dez empreendimentos e investimentos de mais de R$ 1,2 bilhão. “Estou atendendo apenas a parte da demanda reprimida no Nordeste”, diz Paes Mendonça. Do lado de fora dos shoppings de Paes Mendonça, várias multinacionais, como Kraft Foods, o laboratório Novartis, a Unilever, a Nestlé e a Fiat (que está construindo uma fábrica de R$ 3,5 bilhões em Pernambuco), também estão com o Nordeste na mira. 

“A economia do Nordeste despertou, e as empresas se deram conta do potencial de consumo e de produção local”, diz o presidente da Fiat, Cledorvino Belini. Para a gente da terra, o desenvolvimento é visto como um instrumento de superação de preconceitos. “O Brasil costuma nos ver como uma região sem futuro, como a terra da preguiça”, afirma o consultor do instituto Ponte Estratégica, o baiano André Torreta. “Agora, nos tornamos parte do Brasil, apesar de ainda sermos uma região cheia de contrastes.” A força econômica nordestina também faz a região ocupar mais destaque dentro das corporações. “O nosso escritório regional, em Fortaleza, é o de melhor desempenho em todo o País”, afirma o sócio-líder da consultoria Ernst&Young Terco (EYT), Carlos Mota. “É assim que superamos os desafios.”



Fonte: Isto é Dinheiro - http://www.istoedinheiro.com.br/noticias/94086_A+CHINA+E+AQUI+OXENTE

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