NORDESTE EM RITMO DE SAO JOAO 2016


Desta vez, o motivo da procura pelo Nordeste não são as belas suas praias, mas sim as festas juninas que se espalham por todos os estados e reforçam a tradição da região nos festejos em homenagem a Santo Antônio, São Pedro e São João.


Na Bahia, “além dos ‘arraiás’ que se espalham pelos bairros de Salvador, como Amaralina, por exemplo, tem uma grande festa no Pelourinho que atrai muitos turistas que estão na cidade”.

De maio até julho, fogueiras, dança de quadrilhas, forró, quermesses e muita comida regional aumentam o fluxo de turistas e movimentam a economia de diversos municípios.

As festas de Caruaru, em Pernambuco, e Campina Grande, na Paraíba, estão entre as mais movimentadas do país – e duram cerca de um mês. As condições as levaram a disputar o título de “O Maior São João do Mundo”. A do município pernambucano, terra do sanfoneiro Luiz Gonzaga, por exemplo, começa no dia 30 de maio, e segue junho a dentro. Já a festa paraibana se estende até o dia 5 de julho.

Em Caruaru, a festa com 364 shows deve resultar, nos cálculos da prefeitura da cidade, em movimentação financeira de R$ 246 milhões, e gerar seis mil empregos diretos e indiretos. Já o São João de Campina Grande deve reunir dois milhões de pessoas e, segundo a prefeitura, repetir o sucesso do ano passado, quando a cidade recebeu, além de visitantes do Nordeste e do Sudeste, turistas da Espanha, França e Estados Unidos.

No Rio Grande do Norte, o São João de Mossoró, município localizado a 280 km de Natal, vai entrar para o calendário de eventos do Ministério do Turismo. Os números expressivos da festa justificam a inclusão. No ano passado, segundo a prefeitura, a festa recebeu cerca de dois milhões de visitantes em 22 dias e movimentou R$ 10 milhões na economia local.

Se no Carnaval tem o Pré Caju, em junho tem o Forró Caju. Assim, a sergipana Aracaju se posiciona no circuito dos grandes eventos juninos, que se espalham pelas capitais e pelo interior do país. Entre as marcas registrada das comemorações do “São João” pode-se citar a valorização da culinária, que tem no milho um de seus principais ingredientes, da vida interiorana e dos artistas regionais, convocados para animar festas que vêm crescendo, e se profissionalizando a cada ano.

MINISTRO APRESENTA NOVO MODELO DE DESENVOLVIMENTO PARA O NORDESTE

O NORDESTE NAO TEM UMA ESTRATÉGIA COMUM DE DESENVOLVIMENTO, 
DIZ MINISTRO DE DILMA
O ministro terá uma agenda intensa no Recife. A primeira atividade será com o governador Paulo Câmara (PSB).


TV NORDESTE - 21.06.15 - O ministro da Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência da República, Mangabeira Unger, se encontra hoje com o governador Paulo Câmara (PSB), no Palácio das Princesas, trazendo na bagagem proposta de novo modelo de desenvolvimento do Nordeste. Uma delas está diretamente ligada à qualificação no ensino básico, com a adoção de escolas de ensino médio que combine ensino geral com o técnico.

Qual o objetivo de sua visita a Pernambuco?

Visitarei o governador Paulo Câmara. Nosso objetivo é trabalhar em prol da retomada de projetos estratégicos para o Nordeste como a linha de frente do novo modelo nacional de desenvolvimento. Esta é uma tarefa a que me dediquei no final do meu período no governo Lula e ficou interrompida, mas estou determinado a retomá-la com mais força. Tenho a convicção que pode ser um objeto de vanguarda da nossa estratégia nacional de desenvolvimento.

Além de Pernambuco, o senhor viajou por outros estados para apresentar essa nova proposta?

Já visitei o Maranhão e Piauí e participei do último fórum de governadores, em Natal. E agora vou continuar visitando cada um dos estados nordestinos. A minha concepção é que o Nordeste não tem estratégia desde a época de Celso Furtado. Há grandes avanços na região, há uma criatividade assombrosa, uma mudança da cultura política, um empreendedorismo emergente, vibrante, mas não há estratégia. Nesse vazio, o que tem prevalecido na região é a combinação de duas ilusões. Uma são ações de escala artesanal, sobretudo no Semiárido que ocupa as pessos hoje sem abrir caminho. A outra ilusão é o fascínio por grandes obras no litoral em grandes empreendimentos, como refinarias no litoral que não criam cadeias produtivas em volta. Essa combinação de ilusões faz as vezes do projeto que o Nordeste não tem. Nesse vazio de projetos há o perigo de buscar incentivos e subsídios. Eles são necessários, mas só como meios e não como fins. Eles são meios de uma estratégia que precisam ser construídas.

Como resolver a questão?

Minha tese nas discussões com os governos nordestinos é que precisamos partir de uma outra concepção da política regional. A política regional não é para ser de compensações para o atraso. Tem que identificar e acalentar vanguardas e vanguardismos de alternativas para o país. Como, por exemplo, os empreendedores emergentes do Semiárido nordestino.

Quando fala que Pernambuco não deve ficar só nos grandes empreendimentos como a refinaria, o senhor chegou a conhecer?

Não dessa vez, mas nas visitas anteriores. Estou agora nos primeiros passos dessa tentativa de esforço de fazer um projeto para o Nordeste. A minha convicção é que ele deve tomar como ponto de partida as duas forças construtivas que já atuam na região. Uma delas é esse empreendedorismo vigoroso, emergente que a gente ver no Nordeste, sobretudo no Semiárido. A outra força é a tecnológica popular de grande criatividade, mas orfã de instrumento de acesso a práticas avançadas a capital domésticos e mundiais.

O senhor fala com entusiasmo do polo de confecções de Toritama de Pernambuco como forma de investir nas vocações regionais.

Na minha passagem anterior por lá estudei todo o complexo em torno de Toritama. Fiquei maravilhado. Vi todas as formas de produção do Ocidente do século 17 ao 21 numa anarquia produtiva que existe. Se conseguirmos juntar essa energia humana com uma organização que a qualifique, que facilite o acesso ao capital, a tecnologia e aos mercados domésticos vamos ter uma revolução produtivista.

O senhor tem falado em mudanças no ensino básico com a inclusão de cursos técnicos. Como aconteceria na prática?

Minha crítica é quando ao ensino médio. Uma escola secundária que combine uma orientação geral analítica sem enciclopedismo ou decoreba e focalize as vocações práticas, genéricas e criativas. Não é separar o ensino geral, do técnico, mas reuní-lo. Também é necessário construir uma política social de sentido capacitador. Já existe os programas das bolsas (do governo federal), que tiveram grande efeito. É preciso resgatar política sociais para os que deixaram a pobreza e estão na linha emergente. Não é criticar o programa das bolsas, que resgatou milhões de pessoas da pobreza e tem tido efeitos benéficos no Nordeste. Mas precisamos acrescentar a esses programas uma segunda leva de programas especificamente destinados aqueles que chamamos de emergentes e batalhadores. Os que já deixaram de ser beneficiários dos programas sociais ou que estão as vésperas de deixar de ter e que precisam de acesso ao mercado de trabalho como o ensino técnico, mas também ter acesso aos instrumentos da atividade econômica, ao credito e a tecnologia.

O senhor defendeu em recente entrevista uma ação conjunta dos governadores do Nordeste para ligar o marco tributário e regulatório da atividade produtiva. Explique melhor.

É necessário nova forma de atuação. Um exemplo é o programa de licenciamento ambiental, que é o pesadelo para os produtores em todo o país, inclusive no Nordeste. A dificuldade que enfrentamos não é por direito ambiental, mas é que ele é um direito em larga escala vazia. Não define regras. Precisamos criar regras, o arcabouço jurídico da atividade produtiva. Outro exemplo é o regime tributário, que insufla a guerra fiscal entre os estados e cria situações desfavoráveis em região como o Nordeste, que em larga medida é consumidora de produtos industriais. É claro que o Nordeste não pode por si só mudar o regime tributário do país, mas a região pode, dentro da federação, ajudar a liderar uma articulação majoritária dos estados federados em favor de uma mudança tributária que acabe com esse males.

O senhor defende a volta da Sudene num novo formato?

Defendo a criação de instituições que sirvam como coordenadoras dessas iniciativas estratégicas. Seria importe resgatar a Sudene e transformá-la de fato na coordenadora dessas ações na ponta. De outro lado, tenho proposto aos governadores nordestinos que criem instituições que estejam sobre o controle dos governos do Nordeste. Todas as instituições que tratam da política nordestina como a própria Sudene, a Codevasf, o Banco do Nordeste, e em certo sentido, o próprio Ministério da Integração, são organizações federais. O Nordeste não conta com uma instituição ou instituições que sirvam de veículos de federalismo cooperativo horizontal, de uma ação conjunta dos próprios estados Nordestinos.

Como seria essa volta da Sudene?

O Nordeste tem que ser soerguido pelo Nordeste. Tem que ter estratégia para a região. Não tem que buscar sua salvação em Brasília. O governo federal tem responsabilidades. A primeira responsabilidade do Nordeste é criar uma estretégia. A Sudene não deve a base autoritária de uma estratégia deliberada pelo governo federal e imposta ao Nordeste. Por outro lado, não deve parecer um balcão para buscar apoio para iniciativas desconexas, ainda que sejam exitosas. O Nordeste deve ser o agente coordenador na ponta da base da iniciativa que resulte nessa estratégia. Minha proposta é que além da Sudene, os governos criem outra entidadade sob o controle deles.

O senhor afirma que apesar do Nordeste ser uma região importante para o país, não tem uma estratégia comum de desenvolvimento.

Estou comprometido com esse trabalho, não só porque o Nordeste é tão importante dentro do Brasil, é quase 30% da população brasileira, mas também porque vejo na região muitas das qualidades que são necessárias para novas estratégias nacional de desenvolvimento. Estamos tentando construir no Brasil uma estratégia baseada em ampliação de capacitações ocupacionais e oportunidades econômicas. Uma democratização da economia do lado da oferta e não apenas do lado da demanda. Essa tarefa exige inovações institucionais. O Nordeste tem criatividade, tem dinamismo humano, tem energia empreendedora, tem capital social. Mas ainda não tem uma estratégia comum. Ajudar a construir essa estratégia em colaboração não só com os governos nordestinos, mas com a sociedade é agora o meu objetivo.

Como falar em melhoria na qualidade do ensino quando o governo federal corte R$ 9 bilhões para a educação?

Não concordo. Os cortes são em programas como o Fies e Pronatec. São cortes difícies, mas necessários no contexto do ajuste fiscal. Esses cortes de nenhuma maneira inviabilizam o nosso projeto prioritário, que é qualificação do ensino básico, a mudança de qualidade. Em primeiro lugar, os cortes são de curto prazo e temporário e o projeto da qualificação do ensino básico é de médio e longo prazo. Vivemos no Brasil uma onda de ampliação do acesso que permitiu grandes avanços, agora essa onda de ampliação do acesso precisa ser substituída por uma onda de melhora da qualidade. Muitas iniciativas do Projeto Pátria Educadora não são dinheiro, são iniciativas normativas. Um delas é organização do novo currículo nacional, a base nacional, como consequências de competências analíticas. O segundo exemplo é o desenho do federalismo cooperativo na educação. Isso não tem nada tem a ver com dinheiro. Isso é desenho institucional. Nós estamos acostumadas no Brasil a fazer tudo com dinheiro. A verdade é que as ideas estão mais escassas do que dinheiro. 

Num estado onde o governo não implanta o piso nacional o senhor não acha que fica difícil para o professor assimilar esse novo projeto? Os governadores não têm que fazer o dever de casa?

É natural que os governos procurem subsídios e incentivos do governo federal. A restrição desses subsídios não pode servir como uma razão para abandonar a construção de uma estratégia organizante no Nordeste. Pelo contrário, a história moderna demonstra que os períodos em que a liquidez diminuiu no mundo foram justamente os períodos das grandes inovações institucionais. A limitação do capital em vez de anular a iniciativa pode estimular a iniciativa pode estimular a iniciativa se o conteúdo da iniciativa é a mudança estrutural. Da mesma maneira é com a educação. O fato de termos temporariamente de conter os investimentos em programas que ampliam o acesso não é razão para abandonar projetos destinados a aumentar a qualidade. Temos muito ainda a fazer em matéria de ampliação do acesso, mas agora não podemos focar somente no acesso. A qualidade no ensino básico no Brasil é incompatível com o desenvolvimento do país. Não temos nenhuma razão para esperar a travessia do ajuste fiscal para começar a construir um projeto audacioso de qualificação na educação básica.

Agenda do ministro Mangabeira Unger no Recife

Encontro com o governador Paulo Câmara no Palácio das Princesas - 10h00

Coletiva com a imprensa - Palácio das Princesas - 11h30

Visita ao Ginásio Pernambucano - 14h às 15h30

Palestra no Auditório do Centro de Artesanato do Recife Antigo - 16h às 17h30

Retorno para Brasília - 19h

http://www.diariodepernambuco.com.br/app/noticia/politica/2015/05/27/interna_politica,578595/o-nordeste-nao-tem-estrategia-comum-de-desenvolvimento-afirma-ministro-de-dilma.shtml

LEILAO DEVE AMPLIAR CONCORRÊNCIA ENTRE AEROPORTOS DO NORDESTE

Obras inacabadas no Aeroporto Internacional de Salvador
A intenção do governo de conceder à iniciativa privada a gestão dos aeroportos de Salvador e Fortaleza já no primeiro trimestre do próximo ano tende a impulsionar o setor de turismo no Nordeste, hoje concentrado no eixo Rio-São Paulo. Mas, apesar da expectativa de criação de novos voos nacionais e internacionais — principalmente para a Europa — e da maior concorrência entre os aeroportos, especialistas avaliam que é preciso investir na infraestrutura de acesso aos terminais para evitar erros como o do Aeroporto de São Gonçalo de Amarante, no Rio Grande do Norte, leiloado em 2011 e que até hoje tem acesso precário.

Na segunda etapa do Programa de Investimentos em Logística (PIL), anunciado anteontem pelo governo, o Aeroporto de Salvador deve receber investimentos de R$ 3 bilhões e ganhar uma segunda pista. Para o de Fortaleza, a previsão é de recursos de R$ 1,8 bilhão com a ampliação do pátio e do terminal de passageiros. O PIL prevê a privatização de Florianópolis e Porto Alegre, com R$ 3,6 bilhões.

— Haverá maior competição no Nordeste, pois os consórcios que levarem esses aeroportos vão disputar as empresas aéreas oferecendo melhores condições. Isso abre espaço para mais voos. Mas o governo tem que fazer a parte dele. O aeroporto no Rio Grande do Norte acabou virando uma ilha porque não recebeu as obras de ligação com a cidade — diz Jorge Leal Medeiros, professor da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (USP).

NOVO CENTRO DE DISTRIBUIÇÃO DE VOOS

Renato Kloss, do escritório Siqueira Castro Advogados, lembra que a maior competição vai permitir mais investimentos na malha aérea do Nordeste, região que vai receber novo centro de distribuição de voos (hub) da TAM. A aérea vai escolher entre Fortaleza, Recife e Natal a sede de seu centro de conexões de voos entre América do Sul e Europa até fins de 2016.

— A concessão vai permitir maior desenvolvimento do Nordeste e aumentar a qualidade. O Nordeste é o destino de 30% das viagens no Brasil e recebeu 436 mil estrangeiros no ano passado. Havia ainda um pleito de Recife, que acabou ficando de fora. Natal, por exemplo, é o ponto mais perto da Europa e ainda disputa um novo hub da TAM. Mas é preciso resolver a questão do acesso ao aeroporto — disse o ministro do Turismo, Henrique Alves.

As companhias aéreas se mostram otimistas com a maior concorrência. A American Airlines, que tem dez voos semanais de Salvador e Recife para Miami, conta com média de 80% de ocupação. Segundo Alexandre Cavalcanti, gerente de vendas da empresa, um maior investimento nos aeroportos vai melhorar a qualidade para os passageiros:

— Além disso, com maior concorrência nos aeroportos, as taxas para as companhias podem baixar, estimulando novas oportunidades.

Na Air Canada, que registrou crescimento de 38% em passageiros para o Nordeste entre janeiro e maio deste ano na comparação com o ano passado, vai implementar code share (compartilhamento de voo) com a Gol no segundo semestre para as cidades nordestinas. Claudio Borges, diretor de Planejamento de Malha da Gol, prevê aumento na capacidade aeroportuária no Nordeste. A empresa, que já oferece opções diretas da região para Buenos Aires, estuda novos trechos. Uma das opções seria criar voos diretos para o Caribe.

— Haverá mais voos e mais qualidade. Há um desejo das empresas para isso — diz ele.

Depois que as construtoras envolvidas na Operação Lava-jato, como UTC, OAS e Engevix, levaram parte dos aeroportos concedidos, como os de Brasília, São Paulo e Natal, a formação dos futuros consórcios aparece como fator de preocupação.

— Haverá empresas suficientes? Ninguém sabe quem pode aparecer — disse uma fonte do governo que não quis se identificar.

http://oglobo.globo.com/economia/infraestrutura/leilao-deve-ampliar-concorrencia-entre-aeroportos-do-nordeste-16409960